sábado, setembro 03, 2005

"DESCOBRI-VOS!" (completo)

Ele não estava perdido, o caminho era curto...a certeza era só mais um passo!... Numa manhã de intensa neblina matinal em que o orvalho das forragens trás à memória a ténue imagem da espuma do mar de uma qualquer enseada, vai Júlio de mão dada com sua mãe à beira da estrada. Enquanto lhe afaga a cabeça, diz-lhe para enfiar na mesma o seu pequeno gorro de lã preta. A viagem decorria sem sobressalto, ao ritmo do trautear monocórdico da voz masculina de seu pai e do ranger sistemático do aro já empenado no guarda lamas da velha pasteleira. O trautear cessou. O semblante de ambos os progenitores ficou num ápice carregado. Um tom soturno instalara-se. Júlio já não era um miúdo - pelo menos julgava-se assim -, tinha a certeza que era só mais um passo e as lágrimas brotariam que nem riachos cristalinos alimentados por chuvas de consoada.. Sua mãe não se conteve. Júlio não gostava daquelas árvores esguias nem do seu cheiro, ele sabia que ao seu aproximar sua mãe choraria. Desta feita ao segundo cipreste o pranto de sua mãe era enorme. Não era comum. “É uma data especial!” -pensara. Mas não se recordava ao certo. Quase simultaneamente sua mão desprendera-se de sua mãe dando lugar ao estancar da marcha e a um forte abraço entre os dois. “Porque choras? Não gosto de ti assim!” –disse Júlio. Sua mãe sorriu, ainda que envolta em lágrimas. Volvidos à marcha, só pararam novamente em frente ao imaculado mármore que continha uma foto em tons sépia de alguérm que o rapaz não conhecera e umas quantas palavras em seu nome. Sua mãe tirara-lhe já o pequeno gorro de lã preto. “Vai olhar pela bicicleta!” -disse seu pai friamente. “Põe o gorro à saída!” –retorquiu a mãe. Júlio não tinha por hábito questionar ordens, mas ultimamente sentia-se imbuído de um espírito que era misto de curiosidade e descoberta. Chegado ao portão preto de ferro, ligeiramente oxidado, reparou de rompante na incrição em cantaria da coluna direita da entrada do cemitério. “DESCOBRI-VOS!” À memória ocorreram-lhe logo os verbos, seus tempos e algumas conjugações, que aprendera até esta última Primavera. A neblina deu lugar à ténue mas pranzenteira luz de meia estação. O imperativo era óbvio, tal como o verbo descobrir, pensara instataneamente. Vós era a segunda pessoa do plural, aí lembrou-se do truque que ao plural equivale sempre um singular. “Descobrir-tu!” Havia algo a descobrir, mas o quê? Instintivamente procurou pistas. Havia uma data. Era demasiado óbvio. “Talvez...descobrir a mim?” -pensou. Isto não fazia sentido na sua cabeça. Ele não estava perdido e o caminho era curto, portanto a certeza era só mais um passo! Não hesitou, voltou a entrar, agora com o pequeno gorro de lã preto na cabeça e partiu em busca de seu nome ou sua foto. Os pardais praticavam já o matinal bailado, com seu gracioso esvoaçar. A enseada mudara-se agora para o céu. E Júlio procurava. Encontrou médicos filantropos, cuja população os méritos agradecia; reparou em grandes maestros de carreira; viu abastados empresaários em magníficos mausoléus, outros homenageados como beneméritos em causas sociais; encontrou também bravos militares que sua pátria muito honraram e por ela pereceram; viu também sepulturas em que a campa não existia, a homenagem era feita pela cor argilosa da terra que se confundia com ressequidas pétalas, mas de colorido garrido. Ele não estava perdido, o caminho era agora ainda mais curto, tal fazia da certeza só mais um passo. Essa era sua convicção e avançou determinado. A verdade é que a busca fôra infrutífera, não se encontrara. Sentia-se enganado. A enseada celestial dera lugar ao cinzento cerrado dos enormes e agourentos farrapos de algodão sujo. “Vai chover!” -pensou para consigo mesmo. O melhor é ajeitar o pequeno gorro de lã preto e voltar para junto de seus pais – foi o que fez sem hesitar. Ele estava perdido, o caminho fora longo e a incerteza invadira-o a cada passo!...
*
Ao tomar o caminho de regresso para junto de seus pais, Júlio reparou num senhor de meia idade, de cabelo e barba grisalha e já um pouco calvo, que sentado e enconstado a uma campa o fitava com um ligeiro sorriso. A curiosidade assaltou-o novamente e de rompante, como se de um impulso provocado por um inexplicável magnetismo se tratasse, dirigiu-se até aquele estranho personagem. Com toda a cortesia que lhe fora ensinada indagou:“Desculpe, costuma estar aqui muitas vezes?”; “Digamos que não tenho muitos sítios para onde ir Júlio!” -disse o enigmático senhor ; “Como é que sabe o meu nome?” –perguntou o rapaz. “Sei tudo sobre ti!” –replicou. “Sei que andas à procura de ti, mas no sítio errado”. “Ai sim? Então onde é que devia procurar?” –disse Júlio num tom arrogante. “Bem, não te deves procurar,nem entre os vivos, nem entre os mortos, pois questionar os vivos é o mesmo que guiar um rebanho de ovelhas: apesar serem todas diferentes tenderão a seguir a vontade somente de uma; por outro lado questionar os mortos é o mesmo que fazer perguntas a um livro: apesar de te poder ensinar bastante, jamais estabelecerás um diálogo com ele; portanto só questionando-te a ti próprio te encontrarás: imagina que colocas uma rolha de cortiça no nascente de um rio, primeiro irá atravessar uma etapa estreita e agitada, depois o rio irá alargando a pouco e pouco e as águas agitar-se-ão cada vez menos e por fim tomarás contacto com o mar e poderás constantar com clareza que os teus horizontes se tornarão tão ilimitados quanto a tua vista pode abarcar e quanto a rolha irá boiar. Só assim encontarás a tua essência”. “E o que é a minha essência?” –perguntou Júlio. “A tua essência são as escolhas acertadas que tomares em vida e que te farão feliz na morte”. “E quais são as opções?”; “As opções são ilimitadas, infelizmente não terás opotunidade de experienciar muitas...mas apesar de tudo serás exemplo para muitos...hoje aprendes-te a procurar os porquês, mesmo se te parecerem absurdos ou ingénuos, pois não há nada pior que ser-se adulto, estes agem sem espanto perante a vida, aceitam facilmente a monotonia, as regras e a opinião comum como o caminho certo, não alcançam o tempero da vida, o sal do mar: imagina a tristeza que seria ao saíres da escola e não teres contigo os caramelos que tanto gostas de saborear!” Posto isto, o senhor de cabelo grisalho agarrou na mão de Júlio e disse: “Faz com que estas palavras se tornem num ensinamento para que te visitará!” Júlio não percebera e não tivera tempo de perguntar pois ouviu a voz de sua mãe e deslocou o olhar no seu sentido. “Procurei-te por toda a parte, já te disse que não deves andar com o gorro enfiado na cabeça aqui dentro...e o que fazes junto da campa do teu avô falando sozinho?” -resmungou sua mãe. Quando Júlio virou novamente a face à procura do seu interlocutor, este desaparecera, mas mais chocante era o facto de a foto agora visível pela ausência do corpo do senhor de cabelo grisalho ser a imagem precisa do mesmo. Júlio absorto não foi capaz de articular uma só palavra. “Vamos embora! Já estás atrasado para a sessão de quimioterapia!” –disse sua mãe. Foi quando Júlio voltou a cair em si e se entristeceu, olhou para a sua mãe e disse: “Quero que estas sejam as palavras da minha campa”. E deu-lhe o papel que lhe fora ofertado momentos antes. Sua mãe sabia que ele não tinha ainda consciência da sua débil condição física, por isso fez um esforço tremendo para conter a mágoa e aceitou. Júlio faleceu duas semanas depois, sem nunca se aperceber que o “descobri-vos” era aplicado com o sentido de instar as pessoas a tirar o chapéu em sinal de respeito, para quem ali se encontrava sepultado e agora para com ele próprio. Na sua pequena sepultura, ao lado da de sua irmã, podia-se lêr: "DESCOBRI-VOS! NÃO TIREIS O CHAPÉU, PROCURAI ANTES ESPANTAR-VOS COMIGO, CONVOSCO E COM O MUNDO QUE VOS RODEIA!" Todos nós andamos perdidos, o caminho será longo e a incerteza virá a cada passo...!

24 comentários:

proteinita disse...

Devo confessar que não tinha reparado na subtileza do "descobri-vos". Gostei do conto, gostei do tema, gostei do teu final e gostei bastante da passagem que refere que Júlio não se deve influenciar nem pelos vivos, nem pelos mortos, na sua "descuberta". De certa forma, realça a precária condição da sua existênca: estando vivo, em breve partiria para junto dos mortos.

O teu conto fez com que a minha memória evocasse Marcel Proust, autor de uma frase que retrata bem o que é a (auto)descoberta. De momento não consigo transmitir fielmente as palavras, mas não diferem muito de algo como "a verdadeira viagem da descobeta não implica partir para outros lugares, mas sim inventar um novo olhar". É a capacidade de nos surpreender-mos que nos impede de acomodar.

Contudo, este teu conto, que me lembra algo que li há alguns anos (lol) remete-me para uma atmosfera pesada, cinzenta, sinistra.

Para a próxima espero que nos prendes com algo mais alegre, mais colorido. Até mesmo porque a filosofia é um meio de iluminar-mos o espírito.

Fico à espera, de certo que nos surpreenderás, como sempre o fazes...

Beijo e mantém esse olhar que há muito inventaste!

Indivíduo disse...

A morte...

Tema complexo....por mim após leitura do teu final so me vem a cabeça uma famosa pergunta Confuciana: Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte? " o que me remnete para Lord Byron: "Quando tiramos a vida aos homens, não sabemos, nem o que lhes tiramos, nem o que lhes damos", para mim são reveladoras tanto do desconhecimento que temos acerca da vida, das nossas orignes do porquê de vivermos, como o desconhecimento do fim dessa mesma, por mais que pense, todas as conclusões são inconclusivas!

Anónimo disse...

Um fantástico conto, que envolve e mais importante que isso - cumpre a sua missão filosófica - faz-nos pensar. E além disso, queria felicitar-te por escreveres tão bem, o que, nos dias de hoje, é bastante louvável. Gostei imenso dos artigos de intervenção política, é fantástico ver que há jovens que se envolvem e intervêem na sociedade de que são parte.
Para finalizar, fica um pedido, continue-nos a brindar com tão fantásticas leituras

Anónimo disse...

Não é a morte, essa certeza, que nos conduz à incerteza na vida? E não é na incerteza, na questão, na dúvida que se inicia todo o pensamento filosófico? Não é então a morte que dá sentido à vida? Que nos obriga a fazer as nossas escolhas?
E é curioso que se verifique que é enquanto jovens (período em que menos pensamos na morte) que tomamos as decisões mais apressadamente, como se nos faltasse um amanhã... Porque é agora que nos procuramos com mais força, com mais raiva e amor, com vontade e paixão... Tudo isto para descobrir que só vamos encontrar essas respostas quando façamos esse Caminho com os passos certos de quem caminha para a Morte com um sorriso nos lábios, nunca correndo, e tentando fazer com que cada passo mereça o esforço e marque a Vida, o Mundo e a Verdade. A Morte não é um FIM, é um MEIO para nos lembrar que não podemos parar no caminho! E então... Descobrimos que estes passos (antes apressados), nos levam a descobrir-nos e ao próximo e a DESCOBRIR também o nosso caminho. É a incerteza, a possível falta do amanhã que nos faz DESCOBRIR-NOS...

augustoM disse...

Não acertei no final, mas gostei do que tu apresentaste.
"A tua essência são as escolhas acertadas que tomares em vida e que te farão feliz na morte" Escolhi em particular esta frase por ela representar o que de melhor o homem pode ter, a escolha da conduta certa, a sublimação dos seus instintos primários pondo-o dependente dessa mesma escolha.
A tua ideia de essência é universal, ela faz parte das regras morais de todas as religiões, desde o induismo ao cristianismo, é ela que determina o nosso Karma na ideia de uns e com ela se atinge os céus na de outros. A Natureza que tudo rege e para tudo tem leis, permitiu ao homem o seu livre arbítrio.
Um abraço. Augusto

Anónimo disse...

" as pessoas que se safam neste mundo são as que se levantam e procuram as circunstâncias que desejam e, se não as conseguirem encotrar, criam-nas."

são jovens persigam um novo caminho fazendo novas acções que tenham mais possibilidades de os conduzir a algo melhor....

Anónimo disse...

Devo dizer que a morte é algo que ainda me confunde.
Mais que um facto, o homem (e a mulher, óbviamente) teme o desconhecido. Por muito que não se queira admitir, a verdade é que na altura em que é inevitável, aí sim se vê o que foi a vida de uma pessoa. O que parte deixando para trás assuntos inacabados ou uma vida de infelicidade provavelmente sentirá a morte com uma intensidade difente do que aquele cujos sonhos foram realizados, e se sente bem com a sua existência.
Não me imagino a morrer sem ter os meus sonhos realizados. Se tal acontecer, hei de me tornar um fantasma e andarei perdido na terra à procura de algo que já não posso alcançar.
No fundo, o que fazemos em vida reflecte-se na morte. Aí, apenas nós sentiremos todo o peso da culpa, ou o conforto do sentimento de realização. Estou realizado. Espero ser ser o meu último pensamento. Não é isso que esperamos todos?

Mais um excelente post do Sr. Sem Medo.

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Anónimo disse...

Simplesmente genial, a forma como indulges as silabas e pronomes em conjutiva singularidade é um acto nobre explendido, com alguma sabedoria e excentricidade. Tudo adjectivos dignos de um ser não humano, mas sim extra humano, com visceras bem complexas de vicissitudes e exnobrosas atenções. Continua meu rapaz, um dia vais ser grande...

Homem da faina disse...

Continuamos todos à espera de novos posts gonçalo. Agora que estamos habituados à tua verve não deixes a "pena" secar. Abraço e boa sorte para o resto dos exames gaiatão

Anónimo disse...

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